Segundo registro dessa viagem. Ainda com a sensação estranha. Por pouco, por muito pouco, não poderia mais existir. Deuses… foi algum tipo de sinal? Para não ficar confuso, melhor começar do começo.
Tínhamos enfrentado a fúria de certa entidade no caminho para encontrar a moça Zehira. Aurora, Gutuk e Thass haviam tido uma visão sobre onde ela estaria, uma ilha com uma montanha em formato de garra. O capitão sabia do que eles estavam falando e mudamos a rota pra lá. Esqueci de anotar que começaram a fazer a escultura de um grande golfinho na ponta do navio. O moço de água é muito habilidoso.
Foi mais um dia de viagem e finalmente chegamos na ilha. De longe deu pra ver os destroços de um navio, alguma coisa de Umberlee. Determinação de Umberlee. Se um navio com nome dedicado a Umberlee estava naquele estado, imagine o que a entidade não queria fazer com o Tapa do Golfinho?
Por licença poética desci para ajudar o navio se aproximar da ilha como um golfinho. Depois fui olhar os destroços. Meus companheiros foram por terra.
Aurora achou uma bolsa com o diário da Zehira. Parece que o Umberlee era de uma maga thayana e a moça havia sido sequestrada.
Fomos procurar rastros na praia. Um grupo não maior que o nosso havia sobrevivido e entrado na mata por uma trilha em fila.
Andamos bastante, a mata tinha cheiro de algo podre e a ilha, uma névoa pesada que não fazia muito sentido. Nem a névoa, nem o tipo de plantas que tinha por lá.. era como se fossem plantas para um lugar um tanto mais quente? De repente havia uma pilha de corpos de marinheiros em putrefação e de repente havia sumido.
Seguimos pela trilha em alerta, até ela abrir em caminhos maiores. Então, vimos uma moça tiferina com asas. Ela estava se apresentando e Gutuk, acho que ficou com medo (mas também, com a visão que a gente tinha visto antes dos corpos empilhados, tudo parecia suspeito), mandou ela parar e assim que ela parou, as flores do chão subiram e prenderam ela para engolir.
A gente conseguiu lidar com a planta-bicho, que não era bem nenhum dos dois. Não sei explicar direito, apenas é o tipo de interferência que não vem de cidade mas também precisa ser controlada. Foi de certa forma irônico, Blantra com o machado..
A moça ficou muito grata, se chamava Malady. Ela era diferente, tinha chifres de cervo. Lembrou um pouco roupa formal de celebração. Achei muito bonito.
Ela se ofereceu para guiar, e perguntou também se não podiamos ajudar as pessoas da vila dela. A vila de 3 pessoas, contando com ela. Aceitamos a ajuda e falamos que dava pra conversar com o capitão sim. Era uma moça gentil e um número pequeno. Nada que não parecesse razoável.
Pelo que ela disse eles eram as únicas pessoas que não morriam ali. Não só as mortes, era bem comum alucinações como aquela dos corpos, pesadelos e também coisas como se você dorme coisas somem. Tudo culpa de um tal de Axarl (não tenho certeza como se escreve), um cientista maluco, que deve ser uma espécie de mago poderoso. Ela também tentou explicar o que ele fazia, naquela hora não deu pra entender.
Descansamos um pouco e pudemos constatar que conforme a Malady tinha dito, coisas de todos haviam sumido. O meu foi um pergaminho que ganhei em outra viagem. O mais perturbado era Gutuk, que foram as ferramentas de lidar com as runas. Não tinha o que fazer além de seguir e descobrir o que estava acontecendo.
Malady nos levou até o pé da montanha, explicou por onde ir dali em diante e se despediu.
A montanha tinha várias fendas, daquelas de marca de caminho d’água. Contornamos e chegamos numa cachoeira com uma fenda que dava pra entrar. Entramos. Tentando ser discretos mas não adiantou muito, o que tinha lá era um espírito de pirata ou algo assim. Essas coisas não funcionam com espíritos.
Não queria que a gente roubasse o tesouro dele e não entendia o que quer que fosse dito. Depois chamou mais 3 fantasmas.
Quando conseguimos nos livrar deles, Aurora fez uma oração para as almas e vimos que de fato, tinha um tesouro lá. Gutuk e Blantra recolheram, e tinha uma lâmpada curiosa. Fui ver a lâmpada, tinha um .. era um elementalzinho dentro, um mephit.. ele jurava que era um efreet. Primeiro falou de realizar desejos, nessa hora percebeu alguma coisa sobre a situação e quis fugir. Era uma figura meio lamentável, disse que queria ver o irmão dele na ilha do dragão. Eu fiquei sem saber o que fazer. Thass acertou ele umas duas vezes, disse algo sobre manter a moral. Aurora falou que tudo bem deixar ele ir, deixei então. Depois ela comentou que normalmente, mephits não falam comum. É.. foi estranho mesmo. Seguimos rodeando para a caverna principal.
Perguntei se queriam ir discretos de novo. Achei que ainda estávamos decidindo como ia ser.. Gutuk simplesmente avançou enquanto se anunciava em altíssimo bom som e ameaças para o tal sujeito cientista. Eu e Thass estávamos meio .. furados, que o chefe dos fantasmas tinha achado a gente com boa cara de alvo. Aurora nos curou às pressas. Blantra tinha seguido com Gutuk. Agora pensando.. talvez eu tenha que conversar com Gutuk sobre isso. Eu e as duas não temos a mesma resistência que ele e Blantra.
Depois de Blantra, foi Thass. Ela ainda estava querendo conversar com o sujeito Axam. Thass tem uma capacidade enorme de relevar atos abomináveis e querer resolver no diálogo, ela também tem uma abertura excessiva sobre o que é negociável. Às vezes fico preocupado.
Bom, desse momento, o que eu lembro é que algo tentou entrar na minha mente e de repente era como estar dentro de um relâmpago.. foi em mim, foi em Aurora e em Thass. Eu não vi quem ou o que era. Não vi, nem lembro de nada.
Acordei, sem noção nenhuma de quanto tempo tinha passado se os outros estavam vivos. A primeira que deu para reconhecer foi Aurora me segurando, ela estava ainda muito mal. Thass perto do outro lado, sendo curada também. Tinha uma garrafinha de poção vazia com Thass.
Gutuk apareceu em seguida para ver se estávamos bem. Foi bom ver ele, mas ele estava muito bravo que o monstro tinha fugido. O cheiro de podre que acompanhou o caminho da montanha estava mais forte e vinha da caverna.Aurora tava preocupada que não percebeu quando fui retribuir a ajuda. Estavamos todos. Levantei e fui com ela ver o que tinha lá dentro. Lá tinha uma moça que batia com a descrição de Zehira e Blantra brava, mas com motivos. No fundo desse salão, uma visão ofensiva entre tortura e abominação.
As pessoas sequestradas estavam remontadas com outras coisas e pedaços costurados. Pelos deuses, apesar de tudo talvez tenha sido bom ter visto aquilo, a criatura Axarl continua viva e preciso informar ao Conselho.
Cuidei para que os corpos encerrassem os ciclos da forma respeitosa que foi possível no estado em que estavam. Aurora deu as bençãos finais para que as almas tivessem paz. A moça Zehira, mais sem noção que o usual para um humano daquela idade, diante daquele tipo de cena só queria falar de arrumar o barco que estava destruído na praia e conhecer o mundo. Ela começou a ouvir a gente um pouco quando soube que nosso contratante era Mhezar.
Gutuk e Blantra conseguiram as coisas perdidas de volta.
Pegamos a trilha para voltar a praia. No meio do caminho reencontramos a Malady. Ela trazia uma criança bem pequena. Falou que a terceira pessoa era um idoso e não quiz vir, mas ela realmente queria deixar a ilha.
Quando chegamos na praia, capitão Laszlo ficou muito feliz. Ele e Zehira pareciam velhos conhecidos, só que ela ainda estava impaciente. Fiz uma proposta, a gente buscava algo que ela quisesse levar do barco e ela sussegava em voltar logo. Ela comentou de uma bolinha da maga thayana e tudo certo, fomos com Gutuk. Acho que precisava ter procurado como bípede, dessa vez achei até rápido.
Já era tarde da noite quando conseguimos seguir viagem. Enquanto estávamos “nos remendando” direito perguntei a Thass o que tinha acontecido.
Das palavras dela “os porradores” foram la na frente, dai quando entrei tinha uma coisa esquisitíssima que não fazia sentido. Ela mexeu pra fazer alguma coisa, tentei cancelar, mas nem deu, quando vi tinha tomado um raio que tinha pego voces duas também, e só não cai junto na pura força de vontade. Gutuk e Blantra tavam batendo forte nele, rolou umas correntes prendendo o bicho e tudo. Tentei usar magia nele mas não tava dando certo, e ele resolveu usar coisa na gente de novo, e de novo era muito forte. Apareceram uns tentáculos e sai desviando deles, o bicho começou a queimar de novo e sumiu tudo e não vi muito o que aconteceu porque eu tava dando poção pra Aurora e puxando você dos tentáculos, foi confuso, o bicho sumiu”
A coisa mais próxima que ela conseguiu me explicar era que a criatura tipo aberração sem pedaços humanóides e parecia um polvo em forma de cabeça.
“Acho q ele inteiro era uma cabeça? Se vc inteiro eh uma cabeça vc tem cabeça?”
Nessa hora Gutuk chegou com um urro que aquilo não era nada daquilo. E chegou Blantra, também brava que a criatura tinha escapado. E Malady com a criança. E biscoitos. E depois Zehira. Zehira parecia feliz, com uma bebida, dizendo que tinha que comemorar a reforma do Umberlee. Acho que todos ficaram preocupados, em algum grau, só era gente demais e muito barulho. Gutuk falou que a criatura tinha vários olhos, um maior, confirmou os tentáculos e as coisas estranhas na cabeça. Não confirmou o bico. Não faço a mínima ideia do que seja, espero que entendam quando for explicar..
No final Aurora, mandou todo mundo embora que ela queria descansar, em nome de Lathander, depois de quase morrer. Mas era verdade, falar que a gente estava bem era um pouco além do otimismo. Quase capotei escondido, o que e ia ser muito problemático de voltar ao normal.
Quando todo mundo saiu, tinha nascido o dia. Talvez tenha sido a benção de Lathander que Aurora queria? Por mim, foi suficiente ter acalmado e não sair da cabine com a luz na cara. Aurora que me perdoe e eu gosto da superfície, mas de dia dá dor de cabeça. Literalmente.
Pelo menos consegui agradecer, mas com a sensação de não ter agradecido suficiente. A nenhum dos colegas. Talvez possa pensar em algo quando estiver melhor. Temos por volta de um dia de viagem, vai ser o tempo de se recuperar. Provavelmente chegamos na próxima manhã cedo. Se, e espero que, seja uma viagem mais tranquila.
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Estamos no hotel-estalagem-casa-de-chá que serve frutos do mar. O que aconteceu depois, a viagem foi tranquila, sem entidades, tubarões voadores ou polvos cabeça. O menino de Malady chama Salvros. Acho que ele gostou de mim, ou do meu mapa. Ele tentou comer o meu mapa e foi, ..um pouco babento, muito embaraçoso. Gostou de Thass também. Aurora estava reclamando com ela que bebês, mesmo tiferinos, não comem peixes inteiros e vivos.
Uma hora acho que vi seguindo Blantra. Blantra trava quando acontece. É melhor que o ódio e desconfianças habituais. Espero.
Aurora pareceu frustrada, a gente achou que ele tinha medo do Gutuk, mas pelo jeito tinha medo dela também. Gutuk pareceu ter certo orgulho disso. Será que Salvros tem medo de armadura de metal ou foi pelo peixe?
Enfim, chegamos e Mhezar pareceu muito grato, principalmente por termos garantido a liberdade dele. Nos recompensou com bastante dinheiro, mais do que eu tinha ganhado em qualquer outro serviço. Eu não tenho certeza do que eu faço com isso. Ele disse algo para Aurora sobre os sonhos da padaria, mas não entendi muito bem o que era. Ele também disse que cobriria nossos gastos durante a semana. Bom, aqui na estalagem, e chá, e outras coisas, e depois falaria de novo conosco. A humana Zehira disse também para ficarmos por perto que esse período ia acertar coisas e falar conosco. O hotel-estalagem-de-chá etc é muito confortável. Um tanto urbano e algumas coisas são meio desnecessárias, mas com certeza, confortável. Infelizmente não vou poder ficar.
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É incomum encontrar outros fora das datas determinadas, porém a ilha em que ficam os mais sábios, é relativamente perto. Foi um caminho tranquilo.
Não sabemos para onde foi a criatura, mas o que foi visto na ilha, agride a própria existência da vida. E sabemos um pouco das habilidades, talvez lá eles saibam mais do “polvo-cabeça”. Expliquei o melhor que pude. Os sábios vão saber o que fazer.
Fiz um pequeno mapa para o menino da Malady. Se ele quiser pode aprender a ler o céu também. Não entendo muito dessas coisas, mas ela agradeceu.
Acho que achei bons presentes para os outros também. Queria retribuir de alguma forma, o “não morrer por muito muito pouco”, mesmo que de forma simbólica.
Thass, lembro que ela tinha gostado de umas frutinhas que normalmente são venenosas, mas pra ela não faz mal. Ela foi simpática e logo começou a comer. Ela realmente deve gostar das frutinhas.
Blantra, espero que ela goste de geleia de pimenta. Ela parecia brava quando recebeu, mas ela recebeu. Espero que não tenha ofendido com alguma coisa.
Gutuk gosta muito de armaduras, então separei uma cera especial que é boa para polir coisa de metal. Ele foi receptivo, mas tinha bem mais armadura quando voltei para Ayacar. Se ele gostar, procuro mais depois.
Para Aurora, um conjunto de cascas de árvore que são cheirosas quando queimam. Já vi religiosos usando coisa parecida, não sei se ela usa. Um pouco preocupado, que ela foi a outra pessoa que caiu. Ela fez uma cara diferente quando recebeu e deu um abraço. E agradeceu. Espero que não tenha achado estranho. Gosto da Aurora, é a única que acompanha nas comidas sem bicho.