Sonho dos Magos Vermelhos 09. Mais Fundo que Myth Nantar
Sonho dos Magos Vermelhos 09. Mais Fundo que Myth Nantar

Sonho dos Magos Vermelhos 09. Mais Fundo que Myth Nantar

Estamos bem conhecidos em Ayacar. É estranho. Às vezes parece que tem pessoas demais na casa. A maioria das histórias que falam da gente vem do porto, de quem faz comércio com os Alu’Tel’Quessir. Fofucho que sabe alguns lugares bons para não estar quando você precisa não estar um pouco. 

Aliás, acho que não contei direito da casa de Fofucho. A casa dentro da casa tem pelo menos alguns andares e salões conectados. Tem uma área externa com terraços e tem um jardinzinho de inverno. Não sei se dá para considerar o inverno de Ayacar muito inverno, mas diz que jardim dentro de uma casa se chama jardim de inverno. A casa também tem acesso a alguns túneis pelos fundos. Eu sempre esqueço de perguntar pra onde vai.

Todo mundo participou de alguma forma para ela ficar pronta. Trix pediu emprestado algumas ferramentas para Gutuk. Ele acabou fazendo boa parte da estrutura. Eu consegui ajudar por dentro. Aurora arrumou uns tecidos coloridos que funcionam como tapetes-sofás. Aurora também deu uma plaquinha de madeira bem pequenininha com um sol nascendo, para a casa ter proteção de Lathander. A minha contribuição nesse sentido está no jardim mesmo, você honra os espíritos no lugar que eles falam. 

Thass .. ela .. ela trouxe biscoitos e outros lanchinhos.. A moça que mais apareceu durante chama Selphie. Os outros dois não sei ainda. 

As pessoas da Thass são educadas, mas de uma forma, .. é uma cordialidade desconfortável. Ela define como um grupo para “as pessoas sonharem com um mundo melhor e fazerem um mundo melhor para sonharem mais”. 

Essas coisas de sonhos.. Sonho por si só é uma coisa estranha. Pode ser um pouco de qualquer coisa e pode também ser absolutamente nada. Um sonho ruim pode ser apenas um sonho ruim. Um pouco de medo de coisas que não são apenas sonhos. Aurora tinha percebido alguma coisa estranha no grupo de Thass. Ela percebeu mais alguma coisa?

No dia que Gutuk mostrou uma atualização dos anéis, recebemos um mensageiro, um moço da tripulação do Umberlee. Era para encontrar Zehira na Casa de Chá. A do lado da barraca-padaria. Para constar, os anéis ficaram realmente muito bonitos. Gutuk é impressionante. 

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Chegamos e ela já tinha reservado uma mesa grande e tinha adiantado algumas porções. Tinha um um prato cheio daqueles bolinhos do moço da barraca, mas pequenininhos. Mais sonhos. Pequenos sonhos.

Zehira estava curiosa a respeito da casa e como estávamos aproveitando o espaço, mas foi até breve. Ela logo mostrou o motivo real da reunião: um convite do rei Hekaton para conhecer a fortaleza Maelstrom. Apenas um forte de gigantes submerso a 900 m. e pelo menos 3000 km de Ayacar.
O que ela contou foi ter recebido um mensageiro do rei, que tinha conhecimento sobre o cetro. Do cetro e sobre. Como ela se recusou a entregar o cetro, houve o convite para que ela fosse lá pessoalmente. 

Aurora manifestou a opinião de todos: qual era a garantia que eles não iriam apenas pegar o cetro e se livrar dela?

A resposta foi “vocês são a minha garantia”. .. deoses..

O rei Hekaton sabia do cetro, sabia do nosso grupo, dizia ter mais informações a respeito. Ou seja, estrangeiros de muito longe, muito mesmo, e, gigantes, sabiam e procuraram ela.

“Somos famosos, as histórias correm” Zehira disse. 

“Nossa fama” … quem mais em nome de Silvanos ficou sabendo da “nossa fama”?

Ela pode ver o convite do rei da tempestade como um desdobramento positivo do que aconteceu, mas é uma situação no mínimo suspeita, essencialmente perigosa. Independente do quanto ela nos tenha em alta conta para nos chamar como “garantia”, ela não tem o direito de, .. eu perdi um pouco a paciência quando ela insinuou coisas sobre qualquer um do grupo ter dito o que não devia para quem não devia e bebida. 

Uma pausa aqui que coisas precisam ser explicadas.  

A última vez que vimos ela nesse tipo de contexto foi na celebração urbana de quando chegamos em Ayacar. Inclusive estavam Mezhar e Malady, o Capitão Laslo-tubarão-que-não-é-tubarão, a amiga da Aurora que cuida da cozinha e faz feitiço, o moço de água que esculpiu a carranca. Um monte de gente.

O resgate de Zehira do Bucho havia sido uma ação planejada, discreta. E fomos excelentes nisso. Para todos os efeitos foi um resgate apenas de Zehira. A maior parte das coisas importantes que fizemos são sobre o que aconteceu a partir da ida a Myth Nantar. A gente também evita falar de como chegamos lá pelo caminho proibido.  

Nesse dia, na verdade noite, Aurora estava dançando com os músicos, puxando as pessoas com trenzinho. Ela tava cantando junto. As músicas, dos músicos, e não falando as coisas que fizemos ou deixamos de fazer. Gutuk estava na nossa mesa, tomando cerveja na caneca-barril e ele fazia umas piadas que ninguém entendia. Deve ser humor de bugurso, mas não, não tinha a ver com nossos feitos na viagem. Blantra ainda estava conosco. A pessoa que falar que Blantra falou qualquer coisa pra alguém de fora, não sabe quem é Blantra. As pessoas nem chegavam muito perto para puxar conversa. Acho que apenas Mezhar um pouco e logo saiu. Blantra não gosta dele. 

Thass foi falar com um grupo de aventureiros, pareciam novatos. Era uma mesa cheia, mas o assunto era alguma coisa como “corrente do bem para um mundo melhor”. Thass me deixa confuso com essas histórias, mas definitivamente, não tinha nada a ver com a ida a Myth Nantar e as duas ilhas. Aliás, tenho impressão que ela é de Chult, mas ela nunca comenta nada, nem quando passamos por duas ilhas que segundo Aurora, é a cara de Chult.

Trix tinha um jeito de fazer todo mundo beber, não sei se tinha bebido. E ela conhecia algumas bebidas diferentes. Umas muito boas. Mas ela fazia as pessoas falarem e não o contrário. Fofucho foi pegar algumas coisas na dispensa da taverna. As pessoas lá não falam muito com ele e ele é bem discreto. Duvido que ele tenha falado qualquer coisa.

Eu, ..eu estava aborrecido desde a viagem de volta. Talvez tenha exagerado quando pedi o rum do Gutuk, mas, é, acho que era o que eu estava precisando aquela hora.. Fiz questão de agradecer todo mundo. Eu não sei fazer Aurora, foram flores mesmo. Falaram que eu tava respondendo em druídico e que não dava pra entender. O lugar era cheio demais. Eu mal fiquei ali! Assim que cada um achou o que fazer, saí de lá e subi. Conversei mesmo foi com o Vento, os Relâmpagos. E veio Chuva também. Eles tão pouco se importando com o que um bando de aventureiros faz ou deixa de fazer. Trix e Aurora apareceram no telhado, mas tavam preocupadas justo porque eu não tava embaixo. Elas também não costumam conversar com a Chuva. Acho que foi a hora que Gutuk veio também, antes da gente ir pra casa.. Thass só apareceu no dia seguinte, com as pessoas do dia anterior, só que para a tal corrente do bem. Não tinha nada a ver com a viagem. Fez uma daquelas reuniões. Aurora disse que não teve nada demais. Essa não acompanhei. O sol tava bem pior que o normal.

Me perdendo aqui mas precisava colocar essas coisas. Quem estava mesmo contando vantagem sentada no balcão era Zehira e se alguém falou qualquer coisa que não devia pra quem não devia, não foi ninguém de nós seis. Outra pessoa que talvez poderia ter falado alguma coisa seria o Senhor Iridan.. mas ele é uma pessoa sábia, nem sabia da real natureza do artefato, e estava bem longe no templo em Myth Nantar.. 

Enfim, ..Gutuk parecia meio apreensivo, ele já trabalhou com gigantes. Você nunca vê Gutuk com receio de alguma coisa. O normal é ver Gutuk se empolgar com encontros que tenham possibilidade de desfecho violento. Das palavras do mesmo, “por causa do tamanho, os gigantes veem as coisas de um jeito muito diferente do nosso”. Literalmente outro ponto de vista, e tudo absolutamente menor. Ele não tinha certeza quanto a relação dos gigantes com thayanos, mas pelo menos tinha certeza que não eram aliados. Foi uma noção mais lúcida em contraste com Zehira.

No final das contas tínhamos alguns motivos para aceitar a proposta. Como Aurora colocou, talvez realmente tivesse lá informações a respeito do cetro. Talvez realmente houvesse certa deferência em aceitar que ela fosse pessoalmente lá.  Por mim, tinham 2 grandes motivos: sendo Zehira, a situação ia envolver algum problema grande e justo principalmente por isso, era importante estar perto para não acontecer o pior.

A proposta envolvia uma viagem de pelo menos 3 meses, no entanto, com a carta, Thass pode nos levar em alguns instantes. Às vezes eu não sei o que motiva ela a ficar com o grupo, que ela cuida da tal corrente do bem e tudo, e de repente ela… as coisas acontecem? Preciso perguntar pra Aurora se as pessoas de Chult costumam ser assim.  

Foi o tempo de acertamos as malas e comprar algumas coisas do tipo “você não quer ter que usar mas é melhor ter”. Por precaução, apresentei todos para água e fomos para o forte submarino. Na verdade, o lugar onde a carta tinha sido escrita. O convite era para o forte, então chutamos que tinha sido escrita lá. Pelos deuses, estávamos certos e essa parte foi tranquila.

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Saímos de uma cidade submarina e agora fomos para uma fortaleza submarina, nosso grupo realmente deve ter um chamado de Sashelas. Prefiro um lugar mais seco, com céu, de preferência floresta temperada, no entanto, o lugar era muito lindo. A 900 m. ainda é relativamente raso, tinha bastante luz. A impressão é que são águas mais frias que o Mar das Estrelas Caídas. Deve ser no encontro de correntes. Uma formação com características, como eu coloco? Um limite do chão oceânico entre uma parte mais rasa e a parte que se abre distante do continente. Mar de Estrelas Caídas, tem outro padrão de formação, as variações de profundidade tem uma dinâmica diferente. Lá, você tem contorno continental em volta e não o contrário. E nós fomos por uma área de Myth Nantar que era praticamente um cemitério de navios. Ali era bem diferente, uma área mais, reservada. A rocha recortada dá suporte a nichos entre as correntes, e você encontra uma intersecção de tipos de espécie. O forte aproveita essa característica, é esculpido na pedra e se mescla com a parte viva do lugar. Uma coluna de redemoinho que subia até onde perdia a vista mostrava que se viéssemos por terra seria bem mais complicado e o por quê o lugar é realmente mais reservado. Faz sentido também com a possibilidade das correntes. Sim, dava para ver isso da janela. O ponto era raso em relação ao entorno e dava para ter essa visão geral. 

Saímos nessa sala da janela, que pelas inscrições era reservada aos visitantes que chegassem por meios mágicos. E tinham pegadas de barro. Pegadas com tamanho próximo ao nosso. Próximo ao meu, de Thass e Aurora pelo menos. Tinha também um vigia, devia ter algo próximo de 9m de altura. Portas, janelas, espaço, tudo para pessoas de pelo menos 9m. Ele nos recepcionou. Praticamente amigável. Foi civilizado quando viu a carta do rei, porém, logo avisou que não podia nos receber como dizia na carta porque o rei havia desaparecido. A segunda coisa que ele disse: “Ninguém entra, ninguém sai”. A gente tinha acabado de burlar a primeira regra.
Ele nos guiou até a princesa Serissa que iria decidir o que fazer.

Fomos até um enorme salão. A entrada de onde viemos era um modesto hall perto de lá. Janelas ainda mais enormes. No meio uma “janela de água”. Havia uma série de tronos, mas as coisas estavam viradas, como se tivesse havido alguma luta ali.  Um grande vazio onde deveria ter o trono principal. As pegadas de antes acompanhavam o caminho. A princesa Serissa, uma gigante da tempestade, parecia muito preocupada. Ela se apresentou como a regente provisória e analisou a carta. Lamentou até novamente estar novamente assim. Gutuk sabia de alguma coisa, falou diretamente na língua dela. Parecia muito respeitoso. Nos apresentamos e ela explicou melhor a situação. Na madrugada da noite anterior, o rei e o trono haviam desaparecido. O máximo que perceberam foi uma convidada que ouviu algum barulho, mas não tiveram tempo de ver quando aconteceu de fato.

A pessoa que ouviu era uma nobre. Um dos 5 que estão em visita, algo de praxe. Ela disse que o criador dos gigantes dividiu eles em castas. A partir daí, acho que ela perdeu minha atenção. Ela seguiu conversando com Aurora e Gutuk. Eles pareciam se preocupar de alguma forma, devem ter tido uma impressão mais positiva. Apesar de tudo a moça parecia bem abalada mesmo. Eu vim para certificar que meus amigos estariam bem, e se houver oportunidade, saber melhor do cetro. Estamos embaixo d’água 900 m. em um forte dessas criaturas, novamente forasteiros. Quanto mais rápido resolvermos a situação, melhor vamos ter argumento de barganha, principalmente se o grupo de pequenos da superfície for conveniente para alguma manobra política. É basicamente um covil de nobres com altura média de 3 Gutuks. 

Trix e Fofucho foram verificar as pegadas e marcas. Eu fui ver se havia rastros mágicos. (estou acostumando com isso e tentando pensar que pode ser manifestação em Eilistraee. Não comentei com o grupo, mas ninguém questionou nada a respeito.. minhas estrelas..) Haviam rastros sim. Na verdade, haviam 3 rastros. Todos da mesma matéria. Resíduo mágico, e o último, mais forte, era o nosso. Segundo a princesa regente é um rastro que acompanha quem entra por mágica. Quem entra por mágica é automaticamente mandado para a sala de onde viemos. 

Trix viu que as pegadas eram todas de um mesmo tipo de bota.

Aurora achou um pedaço de pano em um banco quebrado. Uma insígnia do Culto do Dragão. A princesa colocou que o trono era feito de ossos de dragão. Uma surpresa, até então estávamos esperando algo com Thay. Ela comentou também que são um conjunto de 10 cetros. Os cetros se conectam magicamente de alguma forma entre si e com o trono, e ela não quiz explicar ainda. Ela tem um cetro equivalente ao de Zehira.

Sugestão para saber mais sobre nossa testemunha, https://budioes.org/

Então eu vi um peixe papagaio que parecia bem agitado acompanhando a nossa movimentação. Pedi um minutinho e fui falar com ele. Muito simpático.

Ele era testemunha do que havia acontecido e confirmou algumas coisas, coisas ruins. Primeiro, houve uma luta sim. Um grupo armadurado, pelo menos o dobro de pessoas em relação ao nosso grupo. O grupo lutou contra o rei, uma luta feroz. Desmaiaram o rei e levaram o trono. O segundo grupo, menor, com “cabeça de golfinho”, veio depois e levou o rei. Então tínhamos sim magos thayanos, além do Culto do Dragão. 

Ficamos um tempo discutindo se eles estariam associados, como, quem veio quando. A princesa deu mais alguns detalhes, haviam também 3 guardas que foram mortos pelos intrusos. Apenas eles saberiam dizer o que aconteceu, se soubessem. 

Pedimos para ver eles. Com o luto e nossa condição de gente de fora, a princesa disse que só poderia levar uma pessoa. Achei que podia ver alguma coisa sobre a natureza dos ataques, mas Aurora podia um pouco além com um milagre de Lathander. Acompanhei ela com a segunda forma do dia. Teoricamente era apenas um rato. Se temos que dividir o grupo, é menos ruim se não deixar ninguém isolado. Mantive a ideia inicial de tentar entender como foram os ataques. E em parte foi um pouco de curiosidade do milagre mesmo. 

Thass, Gutuk, Trix, Fofucho e Zehira ficaram esperando no salão que estávamos e o guarda da entrada ficou à disposição ou de vigia. Depende do quanto você gosta de gigantes.