O lugar era uma espécie de sala para preparar os mortos, mais austero e isolado. Não era possível acompanhar os corais por janelas.
Oscar, a princesa tinha dito que era o nome do guarda, acordou como se tivesse parado exatamente do ponto em que havia morrido. Achei que ia quebrar o braço de Aurora, mas ele acalmou um pouco com a princesa. Apesar do que nos foi dito sobre a estrutura social dos gigantes, o comportamento do guarda demonstrou devoção e respeito, não medo. De forma breve, ele não chegou a acompanhar a luta do rei ou o segundo grupo de invasores, que provavelmente são os magos de Thay. Porém o que ele tinha de informação confirmou o que havíamos checado com as marcas, o rastro e o depoimento do budião.
Nota. Próxima vez que acompanhar alguém em forma animal, separar caderno.
O restante do grupo havia começado a investigar os convidados através de Fofucho. A conclusão era que eles realmente não eram tão fãs de gente pequena de fora.
Conversamos um pouco a respeito. A conclusão foi que seria talvez melhor que a princesa regente nos apresentasse. Pelo menos teríamos o “status oficial” de convidados. Essas coisas são importantes pra gente de fora, ainda mais, “gente pequena”. A outra coisa, Gutuk queria que eu desse uma olhada nos rastros perto do hall de entrada mágica. Os resíduos arcanos estavam um pouco mais finos, isso que já tinha passado por volta de uma hora. Era mais lógico olharmos isso primeiro e fomos.
O primeiro ponto que é importante lembrar, os rastros, as duas linhas de vestígio, acabavam subitamente da sala do trono. Depois de muito movimento da luta. Mas enfim, acabavam lá. No começo, graças aos deuses ainda estavam visíveis. Eu não tenho tanto estudo disso, quer dizer, até deveria, …eu não simpatizava muito com a didática. Sorte que tinha Thass, sorte que tinha Trix. Fui descrevendo o que tinha. Às vezes riscando um pouco o .. quem diria que esse caderno iria ter essa utilidade.. Trix conseguiu identificar uma runa, ou runas, pareciam sobrepostas. Parecia que tinha coisa que não devia estar ali.
Então foi a hora de oficializar nossa presença na realeza. Serissa nos introduziu de forma breve e que, como presença neutra externa, íamos investigar o caso.
Ela tinha tido uma explicação também das figuras presentes.
Cinco nobres: Conde Nimbian, gigante de nuvens e com algum conhecimento mágico; Jarl Frella, a gigante de gelo, perfil mais estrategista, e a primeira a reparar no desaparecimento do rei e do trono; Kralvar, gigante de pedra e o mais “pequenofóbico”; Murgen, gigante das colinas e Lorde Mephyr, o literalmente esquentado. No canto tinha a irmã de criação de Serissa, outra gigante da tempestade, Héstia, e o irmão dela que esqueci o nome.
Por razões estratégicas de arrogância maior, começamos por Lorde Mephyr. A informação mais útil que ele deu foi a respeito do volume dos roncos da gigante das colinas. Ele confirmou a respeito do conhecimento técnico de arcanismo de Conde Nimbian. É engraçado ver como tipos acadêmicos perturbam gente como Lorde Mephyr. O Conde foi o segundo com quem falamos.
O conde, de fato sabia algumas informações. Thass,.. dessa vez foi Thass. Deuses.. Por que raios alguém acha que eu vou ser a pessoa certa pra falar com um estranho quando se precisa de diplomacia?
Então, atrás da gente tem uma linha que parece um fio de caramelo, só que como um caminho de vagalume muito rápido quando você cerra os olhos e a poeira fina que aparece na luz quando você está em uma clareira de floresta fechada, é o resíduo arcano. E tem mais dois desses fios que partem da sala ou hall que você aparece quando vem por caminho mágico. As duas linhas, estão gradualmente ficando mais finas, indicam os dois outros grupos de “forasteiros” e percorrem caoticamente a sala do trono. Elas somem lá. Na salinha anterior que falei, a parte que você chega tem como um calendário, mas com runas de gigante, não sei o nome técnico, e elas também ficam acesas, mas mais perto de luz de estrela, as que puxam para o azul, só que continuas, com exceção do pedaço que tinha um desenho que de runa como se misturasse dois tipos de letra.
Não. Não falei porcaria nenhuma disso. Ainda bem. Tentando explicar parece um tanto mais ridículo. Meus amigos acharam ok e não preciso provar nada para o estranho de 7m. O que foi extremamente útil, foi ter anotado. …
Gutuk parecia solícito demais, talvez porque ele tem histórico com gigantes e tudo, mas não gosto disso. Queria ver a Blantra nesse lugar…. O sujeito reparou no golfinho da Thass e perguntou do meu mapa. Nunca viu uma vassoura modificada ou nunca viu um golfinho? E que raios tem meu mapa? Enfim, ele confirmou que eram runas sobrepostas. Nessa hora a gente percebeu que Zehira tinha sumido. .. Zehira .. tinha… sumido.
Ela estava conversando amicíssima da irmã de criação da princesa. Nós preocupados e Zehira com o jeito dela de “tudo sob controle”. No final, estávamos discutindo com Zehira e a gigante acho que se divertiu com a cena. Foi insólito, mas referência para normal é extremamente relativo.
Mais de uma pessoa confirmou que a irmã da princesa havia organizado o banquete e também tocado excelentes músicas.. (Não faço ideia do que é música de qualidade para gigantes .. ou o que se coloca em um banquete. Thass deve ter tido mais noção do tamanho da louça, ela estava vendo as coisas na altura dos gigantes do golfinho. Às vezes passamos por essas coisas diferentes e com tudo que está acontecendo, só se repara nessas curiosidades depois. Coisas interessantes de lembrar.)
Não sei se foi o entretenimento, mas Héstia soltou algumas informações. O irmão dela estava do lado e desconfiado de estranhos fazendo perguntas, porém ela quis enfaticamente nos ajudar. Disse que o tal Kralvar foi o primeiro a investigar a cena e tinha visto ele pegando alguma coisa. Ela.. ela parecia honestamente preocupada. Acho que foi a primeira criatura ali que deu para ter empatia. É uma sensação estranha concordar com Zehira ainda mais que logo depois que ela solta “não tem músico ruim”. Não Zehira, pelos deuses, não. Parece que não aconteceu nada ruim, mas, tentar ficar mais de olho.
Decidimos que já que estávamos lá o melhor seria falar com todo mundo, e deixar quem provavelmente tinha informação para o final.
Murgen, a das colinas, não tinha nenhuma informação útil. Apenas algumas indiretas desagradáveis quanto a base de sua dieta. Porém, o que foi interessante não veio dela. Gutuk estava bem receoso de falar com um gigante das colinas, tentou justificar que não havia motivo sem explicar bem o porquê… quando finalmente fomos e perguntamos as coisas, eis que ele demonstrou um certo interesse particular..? Não conheço a cultura bugursa pra saber como essas coisas funcionam pra eles, mas foi um pouco engraçado. Acho que essa Zehira não vai perdoar.
Jarl Frella, era a mais esquiva das perguntas, jogou muita coisa de volta. Confirmou algumas coisas. A impressão foi que ela poderia ter sido mais útil mas não quis. Ela nos pressionou sobre o tempo e mais isso. Tomar cuidado, talvez ela seja problemática.
Kralvar, ele estava desconfiado como o previsto, mas acabou se colocando e mostrou um pouco de lama. Ele havia guardado um vestígio mais consistente da mesma lama que tinha nas pegadas que saiam do hall. Deu pra perceber que era lama salgada, restos de folhas e principalmente, algo muito errado, maligno entranhado naquele punhado de terra..
Aurora lembrou da história do Pantano dos Homens Mortos. Basicamente, há muito muito tempo, a região estava em guerra, a aliança de humanos, anões e elfos, algo assim. A aliança pediu ajuda a um poderoso feiticeiro que morava na região. O dito cujo era um lich e ele resolveu o problema afogando os dois lados. Uma mácula tão grande que até aquele punhado de lama tinha alguma coisa disso. O gigante de pedra ficou de alguma forma impressionado. Impressionado, não necessariamente de forma positiva.
Restava o que fazer com a informação. O grupo queria confirmar novamente as coisas com Conde Nimbian. Estávamos, … eu estava, incerto quanto a ajuda do sujeito. Os demais levantando possibilidades. Gutuk parecia ter certeza que não haveria problema. Fomos falar, Gutuk mostrou discretamente um símbolo dos que estão em sua armadura. Agora temos um bugurso metido com mafia de gigantes?
Com indícios de onde seria a localização, ele identificou outra runa, mas disse que não podia ajudar, apenas com ordens da princesa regente. Essa parte não foi problema.
Eu achando a pior das ideias, não confio na nossa posição diante daqueles nobres (nobres em geral). Continuo, mas seria injusto colocar que não me surpreendeu a mudança do conde depois que saímos do salão. Ele foi muito pronto, .. trabalhamos em conjunto para identificar o local de onde os visitantes vieram e ele fez uma nova passagem por “arcanismo reverso”. É uma pessoa interessante.
Antes de ir, falamos com a princesa. Perguntamos se ela teria qualquer método de comunicação remota, não tinha. Ela também ficou com Zehira. Gutuk estava achando isso meio ruim, mas medida diplomática. Se a Zehira vai junto, sai correndo na frente, chama atenção do que não deve, separa o grupo e se mata no processo.. eu acho essa alternativa mais perigosa. .. Ela se deu bem com Héstia, que é próxima da princesa. Teoricamente é mais seguro e o que temos para hoje.
O lugar era aquele mangue/pantano quase completamente corrompido. Fez jus à amostra recolhida pelo gigante. É o tipo de lugar que dá uma agonia de conversar, mas deu para localizar os corpos d’água e um geral sobre criaturas. Chamou atenção que haviam algumas pessoas e um infero. Muita água parada também. Algumas ilhotas que ainda resistiam a energia da maldição.
Começamos a seguir por onde parecia o caminho. E trolls.