Sonhos dos Magos Vermelhos 08 .  A Casa do Golfinho e Segunda Temporada
Sonhos dos Magos Vermelhos 08 . A Casa do Golfinho e Segunda Temporada

Sonhos dos Magos Vermelhos 08 . A Casa do Golfinho e Segunda Temporada

Faz algum tempo que tenho andado com esse grupo, mas não lembro se registrei como começou. Acho que foi culpa da Aurora. 

Eu tinha ficado como responsável por uma área próxima a Ayacar, perto da estrada que corta as montanhas. As vezes tem viajantes que se metem demais e vão por lados que é proibido caçar. Geralmente, gente de mais longe. Ayacar é relativamente próximo à sede do Enclave, então, boa parte das pessoas já está acostumada. Alguns animais haviam avisado que tinham viajantes assim e meu serviço era resolver esse tipo de problema. O que achei primeiro mesmo, foi uma clériga perdida. Guiar gente perdida, antes de dar problema, também é parte do serviço. Fomos conversando, ela contou que estava viajando e .. o segundo encontro incomum. Havia uma yuan-ti em um buraco de armadilha. Ainda não era quem estava procurando, mas era uma armadilha, significava que estava no caminho certo. Ela também era uma viajante perdida. Tinha, não muito longe, outra armadilha. Essa com uma moradora da região. Deixei a clériga ajudando a yuan ti e soltei a corsa. Isso finalmente chamou a atenção dos visitantes indesejados. Eram dois caçadores, mas não estavam juntos, estavam discutindo. Dá para imaginar que era um bugurso e uma draconata. De repente eu era o problema em comum. A conversa não ia ser muito amigável, e por um instante achei que ia ter que chamar mais gente para lidar com a situação… e então as duas apareceram. Thass diminuiu as animosidades na base da magia mesmo e antes que a coisa escalasse, Aurora convenceu a todos se resolverem depois de uma refeição. Acho que fui comprado por uma espécie de porção de raízes preparadas em óleo fervente. Não é uma situação da qual me orgulho, mas certamente foi uma solução pacífica e razoável. 

Nesse primeiro contato Gutuk contou que era um viajante das Fronteiras Selvagens; Blantra, bom, ela estava desconfiada demais para contar qualquer coisa, mas dava para ver que era uma gladiadora e tinha um cinturão de campeã; Thass também não deu muitas informações, “apenas uma viajante humana perfeitamente normal como são humanos viajantes”, não parecia má pessoa, teria que conhecer melhor para afirmar qualquer coisa; e Aurora era a pessoa conciliadora que havia resolvido o assunto.

A partir daí, achei melhor acompanhar o grupo.. já tinha participado de grupos assim antes, geralmente é uma boa forma de descobrir o que está acontecendo pela região e ajuda a manter certo controle sobre danos que grupos assim fazem.

Acabou sendo uma decisão importante, principalmente depois do serviço que nos levou à Zehira. 

Era um trabalho sobre ter notícias de uma herdeira fugitiva. Virou um resgate da herdeira fugitiva. De repente envolvia um navio thayano. De repente o problema mesmo era uma criatura aberrante extraplanar que não tinha nada a ver com o assunto. Sobrevivemos pelos deuses. Nisso, havíamos deixado a fama e veio o novo serviço, uma visita extra oficial a Myth Nantar. Desdobramentos da parte que envolvia Thay do serviço anterior. E de repente Thay iria atacar a cidade. Ficamos na resistência e conseguimos ajudar. O retorno teve um segundo sequestro da mesma herdeira, não mais fugitiva e agora nossa contratante e, novamente, alguém que parecia ligado a Thay. De repente o problema era um dragão vermelho. Assim como o extraplanar, sem relação direta e não menos perigoso. Sobrevivemos mais uma vez e saímos, e, agora, temos um cetro ancestral ligado a uma entidade nanica. Um cetro importante demais para não chamar problema, ainda mais com o excesso de Thay na história toda. 

Bom, assim acontece Zehira. Assim nos tornamos “Tecnicamente um Golfinho”. Ficamos bem conhecidos por Ayacar, ainda estou acostumando com o comportamento das pessoas conosco. 

Chegamos no porto, sem novos sequestros ou entidades de mau humor jogando elementais no convés. A nossa contratante havia mandado construir para o grupo uma .. mansão. 

É um pouco grande e chique demais para ser chamada de casa. Fica em um ponto bem alto na encosta da área nobre da cidade. Uma vista, odeio admitir, é linda e de alguma forma colocaram uma parede inteira na fachada com heras. 

Eu falo da impulsividade de Zehira, da falta de transparência com coisas muito importantes e perigosas.. mas ela realmente tentou agradar, e nos últimos acontecimentos não foi tanto culpa dela. 

Cada um tinha um quarto no tamanho de uma casa pequena com seu nome na porta, alguns escrito errados mas dava para entender pelo som. Por um breve momento achamos que Gutuk tinha enganado todo mundo e o nome dele era Vult. Ele explicou que é um título importante de onde ele vem, é uma coisa de militar. Faz muito sentido.

Zehira fez questão de mostrar os quartos antes da celebração. Ela queria fazer uma festa. Ela gosta bastante de festas, mas acho que tínhamos motivos bem decentes para uma festa.

Sobre a mansão.. a arquitetura seguia a linha da Casa da Sereia e outras construções importantes da cidade. Colunas largas em arcos, terraços em diversos níveis. Alguns pedaços de parede com padrões vazados que deixam a brisa do mar passar mas protegem do sol.  Um enorme jardim no pátio interno e o pátio como conexão das partes da casa. Há uma quantidade desnecessária de salas para refeição, para receber pessoas, para reuniões e para receber ainda mais pessoas. Essa parte social terminava em um terraço. Já comentei da vista do lugar, um terraço bem privilegiado nesse sentido.

Uma coisa peculiar e muito interessante, o lugar é construído sobre um corpo d’água que desce a montanha. A estrutura leva parte da água para abastecer a casa e um pedaço passa pelo espaço que é o quarto de Thass.

Aliás, o quarto de Thass, achei muito bonito. , Tem estruturas mais tradicionais de um quarto e grandes pedras dispostas como sofás. A parte das janelas bem aberta com bastante luz, a parte com água que vem pela lateral. 

Do lado do quarto da Thass, é o quarto da Blantra. Bem no estilo “hall dos campeões”. É um pouco triste, nessa hora ela nos informou que iria partir. Pelo menos ela aproveitou a festa. 

Logo depois do quarto de Blantra, o quarto de Trix, que aproveita a inclinação do terreno para fazer algo parte escavado na montanha e com detalhes.. tem coisas que lembram casa de pequenino, tem coisa que lembra a impressão do que humanos tem de casa de pequenino. Tem partes que dá para bater a cabeça e a porta redonda. A porta acho que foi das coisas que acertaram. 

O quarto de Aurora, muito chique com coisas religiosas e de frente para uma capela. A capela para Lathander, mas tinha um altar para Selune e um para Sashelas.

O quarto de Gutuk tinha uma parede com armas, tapetes de peles, espaço para troféus de guerra e coisas de quem acha bonito essas coisas.  Ao invés da capela, um caminho dava acesso a uma espécie de oficina. 

O meu, na parte de cima, uma pequena torre observatório. Vendo a decoração, é um pouco curioso, é ver um pouco de como Zehira enxerga cada um. Alguns estereótipos e as prioridades de uma humana de família de alto padrão. Mas tinham muitas plantas. Não consigo achar ruim essa parte. Trix parece ter gostado também. Aliás, tinham mais plantas na casa em geral do que nos outros lugares que vimos em Ayacar. 

A festa que virou a despedida de Blantra teve um gosto amargo, não necessariamente ruim. A sensação de ter sido bom se conhecer e honrar aquilo de acordo com aquela festa. Estava tudo muito caprichado, comida, bebida, música, fumo para quem fumava e jogos… Talvez a gente tenha exagerado um pouco. Quando Zehira chega com as informações novas “super legais” .. costuma, costumo.. acho que desisti de esperar coisas razoáveis e normalmente, em festas assim não sei muito o que fazer. Trix que é muito boa em puxar as coisas de festa  e conhece algumas misturas alcoólicas interessantes. Em algum momento começa a fazer sentido, não lembro qual. Será que a sensação de excesso de bebida parece com a que os humanos têm de sono?

No dia seguinte, acho que o sol estava pior que o normal. Acompanhamos Blantra até a saída da cidade. Ela conseguiu deixar escapar que tinha alguns assuntos de família para resolver. Nos padrões dela, acho que é bastante confiança. Por uma vez ela parecia mais séria que desconfiada. Ela vai levar o anel para lembrar da gente e vai ter seu quarto na casa quando precisar. Ela seguiu pela estrada principal com uma caravana. 

Deu vontade de ver a minha família também, mas seria uma viagem bem mais longa. Antes de tomar decisões, uma das prioridades seria atualizar os sábios sobre a situação do Tecnicamente um Golfinho. Deixei o convite em aberto para quem do grupo quisesse me acompanhar, confio o suficiente neles para isso, e para minha surpresa, todos quiseram ir. 

Acertamos algumas coisas e partimos. Acho que Zehira não gostou muito que não estendi o convite, porém a ilha é bem restrita. O grupo já é o suficiente de coisa para explicar aos sentinelas na passagem. 
A ilha é um lugar muito especial e sagrado.. e eu esqueci de avisar a parte do bloqueio de magia. Pegou um pouco de surpresa, mas eles se adaptaram. Acho que Thass foi quem ficou mais, não gostou mesmo. Apenas forças que vem dos deuses se manifestam lá. Fofucho ficou meio desnorteado, não chateado como Thass, desnorteado mesmo. Acalmou um pouco com comida. A comida lá é muito boa.  

Aurora estava curiosa com tudo e parece que se divertiu bastante, principalmente com a celebração da fogueira a noite. Ela se deu muito bem com todo mundo. Ela disse que o templo, na escala devida, lembrava um pouco o de Sashelas. Aquele que ajudamos com a parte destruída e realmente, a forma como eles usavam os corais e as pedras.
Trix, achava que era era mais das cidades, no entanto ela parece ter ficado nostálgica. Minha impressão, pelo menos. Acabamos pegando várias sementes pra testar coisas na “Casa do Golfinho”. 

Gutuk estranhou um pouco, melhorou a noite quando tinha bebida. Acho que vi ele conversando com uns veteranos. Uns senhores mais rabugentos que reclamam que agora é “tranquilo demais”. 

Thass, foi se enturmando como de costume, ela tem facilidade com as pessoas. Os sábios vieram conversar comigo depois, pediram para acompanhar os desdobramentos do serviço com Zehira e também ficar de olho nela. Espero, pelos deuses, que ela não tenha feito nada comprometedor. 

Foi uma semana interessante. Como estava com os visitantes acabamos ficando na parte da vila mesmo. É uma vila um pouco diferente das vilas humanas, as pessoas adotam uma vida sem a interferência mágica que se vê normalmente. Vou ser uma pessoa muito tendenciosa se começar a contar. A parte mais chata foi mesmo descartar a possível viagem para casa, pelo menos a curto-médio prazo.

Voltamos e temos aproveitado o intervalo para arrumar a “Casa do Golfinho”. A associação do grupo com golfinhos já faz parte da nossa fama. Eu lembro do Sr.Iridan “só Sashelas na causa”. 

Gutuk tem ficado a maior parte do tempo na oficina e a noite comemora bastante, às vezes na casa, às vezes na cidade, às vezes nos dois e às vezes parece pensativo. Algo sobre deuses, gigantes e runas.

Aurora estava mais reservada também. Um pouco como quando, .. como na ilha do aberrante. Aurora é o tipo de pessoa que sempre que ela vê alguém do grupo mais.. “quieto”, ela pergunta. Ela fez isso comigo. Na volta de Bucho, acabei contando um pouco de Eltabbar. Achei que precisava retribuir, ela estava quieta desse jeito. Ela explicou melhor sobre Chult, que o Bucho do Dragão lembrava bastante Chult e que foi lá que ela perdeu os amigos do grupo anterior. A parte mais dolorosa era lembrar do irmão. Um pouco de lidar com velhos fantasmas e se reconectar com a fé, se reconectar com o Senhor da Manhã.

Aurora tinha um irmão. Blantra foi resolver assuntos com a família. Cada um com sua família e seus fantasmas. Os meus, .. tá tudo bem. É só lembrar disso. Zehira conseguiu um óculos que faz parecido com o mapa. Não acostumei fora da casa, mas gosto deles.
Os de Trix parecem ter um gosto menos amargo. Ela comentou sobre como o jardim trazia algumas memórias. Apenas memórias vagas de quando pequena, um lugar que não Ayacar. Ela não disse onde. Ela e Fofucho deixam as coisas mais leves. É uma companhia agradável e começamos a botar em prática as ideias com as sementes da ilha. 

Faltou falar de Thass. É difícil conversar com ela, não que eu tenha facilidade, mas algumas pessoas são menos difíceis que outras.. e Thass.. você fala com ela mas ela parece que nunca fala nada. O que me pareceu é que ela ficou aliviada desde que saiu de Ilighôn. 
Ela se reencontrou com o trio, um dos marujos do Tapa do Golfinho, um aprendiz do templo e Sashelas e um ex-escravo de Thay que libertamos no ataque. Eles acompanham ela em praticamente todos lugares desde que voltamos. Também sempre estão  fazendo reuniões e chamando mais gente. O quarto de Thass é como se fosse um ponto de encontro, até então, ainda não tem nada de errado, um “grupo de autoajuda para um mundo melhor”.

Deve ter algo sobre o que os sábios me disseram para prestar atenção. Aurora também acha estranho… Seguir de olho…

Se foi a única coisa que os sábios pediram para ter cuidado, então está tudo bem. Estamos na parte que o Deus de Aurora e a Senhora da Lua cobrem. Não tem nada de errado, está tudo bem.